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30 nov

Reflexão sobre A liturgia da Palavra do Primeiro Domingo do Tempo do Advento

LEITURA I – Jeremias 33,14-16

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)

LEITURA II – 1 Tessalonicenses 3,12–4,2

EVANGELHO – Lucas 21,25-28.34-36

 

No início do “caminho de advento”, a Palavra de Deus fala-nos da “vinda do Senhor” e dá-nos indicações para a prepararmos. Convida-nos a viver este tempo com alegria e esperança, porque a nossa libertação “está próxima”; e desafia-nos a caminharmos atentos e vigilantes, escutando Deus e dando atenção aos irmãos de caminhada.

Na primeira leitura, pela boca do profeta Jeremias, o Deus da Aliança garante a Judá que não esqueceu as suas promessas; e que vai enviar um “rebento” da família de David para, através dele, concretizar esse mundo de justiça e de paz com que o Povo sonha. O Messias, o “rebento” de David, trará ao Povo de Deus justiça, harmonia e vida em abundância.

A segunda leitura, nos apresenta Paulo feliz com as notícias que Timóteo lhe trouxe sobre a comunidade cristã de Tessalónica. 

Apesar disso, Paulo formula um voto: que os cristãos de Tessalónica continuem a crescer no amor (cf. 1Ts 3,12). O modelo do amor que devem ter uns pelos outros é o amor que Deus tem por nós, e que os tessalonicenses conhecem através do testemunho de Paulo. 

Esse amor deve ser recíproco (“uns para com os outros”) e universal (“para com todos”). Esse é o caminho que leva à santidade. É vivendo assim que se prepara a vinda do Senhor Jesus Cristo (cf. 1Ts 3,13). Cristo, quando chegar, deve encontrá-los irrepreensíveis e santos, dando uns aos outros o testemunho do amor.

No Evangelho Jesus fala do dia da intervenção final de Deus na história dos seres humanos, o dia em que o Filho do Homem virá sobre “uma nuvem, com grande poder e glória” (vers. 27).

O cenário dessa intervenção final de Deus é composto com os elementos que, em diversos textos do Antigo Testamento, são utilizados para falar do “Dia do Senhor” (cf. Is 13,6-22; Jl 2,1-11): 

– o escurecimento do sol, da lua, e das estrelas; o temor, a angústia, o desfalecimento e o espanto dos seres humanos… 

Esses elementos são bem apropriados para veicular a mensagem religiosa que se pretende transmitir. 

O escurecimento do sol, da lua e das estrelas refere-se ao fim do “tempo humano” (marcado pelo ritmo do sol e da lua) e ao início de um tempo novo que é o eterno “hoje” de Deus. O “temor” dos seres humanos é, por um lado, o “temor” que, no Antigo Testamento está sempre associado às intervenções de Deus, e, por outro lado, sugere a incomodidade que todo o homem sente quando o seu velho e cómodo “espaço de conforto” desaparece e tem de enfrentar uma realidade nova. “O rugido e a agitação do mar”, sugere o fim da ordem velha e o regresso da criação ao “caos” inicial, quando Deus criou o universo. 

Não estamos, portanto, diante de uma descrição daquilo a que chamamos “o fim do mundo”, mas sim de uma forma muito bela de sugerir que a intervenção final de Deus na história humana e a vinda do “Filho do Homem” sobre as nuvens será o princípio de algo absolutamente novo, de um mundo totalmente renovado, de uma nova criação.

De acordo com Jesus, o momento da intervenção definitiva de Deus, o “Dia do Senhor”, será um momento de grande alegria e de grande felicidade para todos os filhos e filhas de Deus. 

Será o momento em que a velha ordem do egoísmo, da violência, da arrogância, da ganância, do pecado, da maldade será definitivamente vencida e em que a humanidade, finalmente, se reencontrará com a realidade de Deus, com o projeto de Deus em toda a sua plenitude. 

Jesus convida os seus discípulos a viverem esse momento como o primeiro instante de um tempo novo de libertação e de graça: “quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (vers. 28). Ver-nos-emos então livres das cadeias que nos prendem às realidades velhas e transitórias deste mundo para passarmos a viver na gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

E até lá? Como devem viver os discípulos de Jesus enquanto não chega esse dia glorioso da intervenção final de Deus na história?

Na perspectiva de Jesus, os seus discípulos não podem viver de olhos exclusivamente postos no céu, num angelismo alienante e ingénuo, isolados da realidade do mundo, alheios ao compromisso com a construção do Reino de Deus na terra. 

Também não podem viver preguiçosamente acomodados, agarrados aos velhos hábitos e preconceitos, prisioneiros do egoísmo e dos vícios, indiferentes à sorte dos irmãos (vers. 34).

O que Jesus espera dos seus discípulos é que caminhem pela história atentos e vigilantes, “orando em todo o tempo” (vers. 36).

 “Vigiar” é viver atento aquilo que nos rodeia, não perder nenhuma oportunidade de colaborar no projeto de Deus para o mundo.

A oração autêntica faz com que os discípulos se inteirem dos projetos de Deus, escutem os seus apelos, vejam os acontecimentos do mundo com os olhos de Deus. É dessa forma que os verdadeiros discípulos preparam e esperam a vinda do Senhor.

(Ir. Valdete Guimarães, SMR)

 

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