Fundadora

O Caminho ao Discipulado aberto por Madre Elisa Andreoli

Madre Elisa viveu com paixão uma experiência de seguimento de Jesus, que chegou a formar comunidades de discípulas que contagiaram e atraíram muitas jovens. É a partir dessa fascinante experiência de Elisa que a Congregação das Servas de Maria Reparadoras nasce e se mantém no tempo, mas, sobretudo em comunidades vivas.

Essa experiência fundante em Elisa se constitui em torno a três movimentos que a tomaram por inteiro: alegria de se saber amada e amar; desejo de ser tão humana quanto Jesus; paixão pelo cuidado da vida e pelo anúncio de Jesus Cristo.

 

Alegria de se saber amada e de amar

Ir Margherita e Madre Elisa – 1905

Madre Elisa deixa transparecer uma profunda alegria por saber-se muito amada por Jesus e pelo desejo de amá-lo sempre mais. Amor esponsal é uma das metáforas usadas para falar dessa sua comunhão com o Senhor, penetrada de alegria e de confiança e, ao mesmo tempo, de abertura aos demais. Os dois anéis que ela usava são símbolos dessas duas faces de um mesmo amor: por Jesus Cristo e pela Comunidade. Em palavras e gestos ela não se cansa de dizer desse seu amor, basta ler suas memórias e suas cartas às Irmãs.

Elisa reconhece com alegria que suas filhas também vivem desse amor. Ela, em um de seus escritos sobre as missionárias, agradece porque as Irmãs assumem a missão por amor a Jesus e a Maria (cf. SMR, SupplementoallaSilloge, p. 408-409). Outras vezes, incentiva as Irmãs para que o vivam em comunidades para que cresçam no amor a Jesus e no zelo para salvar muitas almas, muitas vidas.

Mas Madre Elisa é muito consciente de que essa experiência de dar-se conta do quanto o Mestre nos ama e então amá-lo, requer, pessoal e comunitariamente, o cultivo permanente da sensibilidade e da interioridade através da oração, do silêncio, de leituras, de partilhas (…). Eis a razão de seu zelo para que não faltem nas comunidades as condições necessárias para esse cultivo e para que cada Irmã se empenhe num caminho de profunda espiritualidade.

 

Desejo de ser tão humana como Jesus

Madre Elisa refaz em sua vida o mesmo percurso das discípulas e discípulos do movimento de Jesus e das primeiras comunidades cristãs. Do fascínio por Jesus passa ao desejo de chegar a ser como Jesus, por ter encontrado no Mestre de Nazaré o modelo preciso do que é uma existência humana autêntica.

Elisa fala em ter Jesus Cristo por modelo (Agenda 1913, Fragmentos, 24), não como mera repetição de uma frase feita, mas por uma convicção que brota de sua experiência profunda: a de ter encontrado em Jesus, o grande ideal de sua vida, aquele que a desperta para o sempre mais de seu ser no amor a para o amor. Interessante notar que nesse âmbito, Elisa não o especifica por nenhum título, senão que o indica simplesmente como Jesus ou Jesus Cristo: “Ter Jesus por modelo”. “O escopo de minha Congregação é que Jesus Cristo seja amado e conhecido”!

Como fidelidade criadora, as Constituições renovadas, após o Vaticano II, explicitam esse aspecto nuclear do seguimento de Jesus presente nas primeiras comunidades e assumido por Elisa em termos de um caminho de “Conformação a Cristo” e Cristo Servo, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).

 

Paixão pelo cuidado da vida e pelo anúncio de Jesus Cristo

Crucifixo de Madre Elisa

Para Madre Elisa, amar a Jesus e tê-lo como modelo, longe de levar ao intimismo ou ao comunitarismo, enche-nos de zelo pelo cuidado das pessoas, da vida ou pelo serviço do Reino. Na linguagem de seu tempo, “zelo e cuidado das almas”, mas como recomendação para que todo trabalho na Saúde, na Educação e em qualquer setor, seja ao mesmo tempo cuidado da vida e anúncio de Jesus Cristo. É desde essa prática que ela insiste no empenho por uma formação integral ou por um cuidado que leve em conta o todo da pessoa, anunciando-lhe Jesus Cristo, como caminho da verdadeira vida (cf. SMR, PrimiSaggi, p. 469).

Esse ardor apostólico de Madre Elisa, a Congregação o tem traduzido em diversas expressões concretas na história. As atuais Constituições confirmam caminhos consagrados e nos abrem a novas fronteiras. O desafio maior é o de manter viva a paixão de Elisa em cuidar das pessoas que o Senhor nos confia e possibilitar que elas se encontrem com Deus amor, a fonte mesma da vida plena para todos.

Isto significa manter vivo em nós, de modo pessoal e comunitário, o seguimento de Jesus como experiência real, é o compromisso dos compromissos, a prioridade das prioridades, seguindo as preciosas indicações que nos são dadas para um permanente cultivo de nossa condição de discípulas amadas e enviadas a anunciar os valores do Evangelho. Tudo pode ajudar, mas creio que precisamos mesmo é só de uma coisa: promover uma grande volta a Jesus para refazer o caminho dos discípulos e discípulas, o caminho de Maria Madalena: encontrar Jesus, ficar fascinadas e fascinados por seu estilo de vida e, a partir disso, dar novo sentido e nova orientação ao viver. Trata-se de intensificar esse caminho, incluindo-nos a todas e todos que encontramos pelo caminho.

Irmã Glória Josefina Viero, SMR

 

 

DECRETO DE VENERABILIDADE DA SERVA DE DEUS MARIA ELISA ANDREOLI

 

CONGREGAÇÃO PELA CAUSA DOS SANTOS

ÁDRIA

BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO

DA SERVA DE DEUS

MARIA ELISA ANDREOLI

FUNDADORA DA CONGREGAÇÃO

DAS SERVAS DE MARIA REPARADORAS

(1861-1935)

 

__________

 

 

DECRETO SOBRE AS VIRTUDES

(Texto em língua italiana)
Traduzido em Português

 

“Seja feita a vontade de Deus em mim e em tudo o que tenho. A santidade consiste em fazer a santíssima vontade de Deus. Todo o resto é vaidade. Quero tornar-me santacomo Jesus dispõe para mim”.

A procura e a realização da vontade de Deus, manifestadas nesta significativa expressão, fazem a diferença na vida de Maria Elisa Andreoli.

A Serva de Deus nasceu em Agugliaro (Vicença), no dia 10 de julho de 1861 de uma modesta família. Na pia batismal lhe são dados os nomes de Isabella Amália. A sua infância é marcada por tristes acontecimentos, sobretudo quando o pai abandona a família. A pequena, primeiramente é confiada às Irmãs da Misericórdia na cidade de Este (Pádua), junto às quaisrecebe uma ótima formação cristã e cultural e, sucessivamente, às Filhas da Caridade, chamadas Canossianas, em Veneza, para os estudos superiores. Após ter conseguido o diploma magistral, Isabella Amália nutre o desejo de dedicar-se totalmente ao Senhor e à educação da juventude. Transcorreráalguns anos na Congregação das Damas do Sagrado Coração de Jesus e um período com as Servas de Maria, em Galeazza (Bolonha). A seguir, no fim de 1800, junto com a mãe Margarida e mais duas companheiras, dá início à Congregação das Servas de Maria Reparadoras e, assumindo o nome de Maria Elisa, aos 12 de julho de 1900, em Vidor (Treviso), emite os votos religiosos.

A partir de então, Maria Elisa, progride na fé, na total confiança na divina Providência – por ela chamada “bondade de Deus” – e na aceitação do amor divino a tal ponto, que não considera nada mais importante para si e para todos os fieis que amar a Deus sem limites e sobre todas as coisas; esta experiência potencia os seus dons naturais e espirituais e a sustenta ao enfrentar os muitos obstáculos que atrapalhavam o seu caminho. Nela, sempre mais clara e intensa é a inspiração de viver com estilo feminino a espiritualidade da Ordem dos Servos de Maria, contribuindo no crescimento das Congregações femininas do seu tempo, através do testemunho de uma vida conformada à lei evangélica do amor para com Deus e o próximo, a comunhão fraterna, o serviço e a piedade para com Santa Maria.

Em 1911, Maria Elisa, após o diálogo com o Bispo e com a devota Maria Inglese – que depois entrará na mesma Congregação com o nome de Maria Dolores – acolhe com alegria na sua família religiosa a “Obra da Reparação Mariana”. As Irmãs Servas de Maria Reparadoras, assim denominadas a partir de 1913, inspirando-se no exemplo maravilhoso da participação de Maria à paixão redentora do seu Filho, atuam o seu empenho de reparação e procuram transformar a sua vida em oblação de amor redentor. Este estilo de vida de Maria Elisa e das suas “filhas” transforma-se em ajuda solidária ao povo, resposta pronta e gratuita às graves necessidades etristesacontecimentos de seu tempo. Então, toda envolvida nos acontecimentos e sofrimentos das pessoas, ela adverte mais claramente a necessidade de conformar a Jesus Cristo:a si mesma e a sua ação. Portanto, exercita a caridade para com o próximo empenhando-se na educação das crianças e dos jovens, privilegiando os pobres, os necessitados e os enfermos, ajudando-os com aquela bondade que escuta as pessoas pacientemente oferecendo-lhe conselhos, sugestões espirituais, conforto e consolação nos dias difíceis da vida e generoso perdão.

Maria Elisa transmite em toda parte o amor de Deus. Aos irmãos que lhe pedem uma ajuda, ela costuma dizer que a caridade está acima de tudo: “A caridade deve estar acima de toda regra, especialmente agora em tempo de guerra”. Ao fazer-se “próximo/a” das pessoas gravemente enfermas ou gravemente necessitadas, ela proporciona-lhes a percepção dos sinais da presença de Deus: a misericórdia, a consolação, o amor, que ela mesma experimentava através do próprio teor de vida. Elisa é convicta que a virtude fundamental é a humildade, da qual é gerada e ordenada toda expressão de amor a Deus e ao próximo, pois que, “sem humildade não existe outra virtude … a humildade é mãe da caridade”. Elisa descobre este modo de pensar e de viver da Virgem Maria, que é para ela “ajuda, proteção e exemplo”, para comportar-se sempre e plenamente como quem acredita em Deus e é discípulo/a de Jesus Cristo.Não obstante seja a “fundadora” das Servas de Maria Reparadoras, ela atribui somente à Virgem Maria os títulos de “Fundadora” e de “Madre geral”.

Elisa testemunha tudo isto até o fim de sua vida.Nos últimos anos sofre de nefrite hemorrágica e é exemplo para todosde como ela vive serenamente tal doença. Já muito fragilizada, alguns dias antes da morte, ela renuncia ao serviço de Priora geral. Morre piamente confiando no Senhor, em Rovigo, no dia 1º de dezembro de 1935, deixando a todos, primeiramente às suas “filhas”, como testamento, o que repetia frequentemente como seu projeto de vida: “Caminho para o céu! Somente Deus por testemunho, Jesus Cristo por modelo, Maria Santíssima como ajuda; e mais nada! Nada mais que amor e sacrifício!”.

Divulgada a fama de santidade da Serva de Deus, celebra-se na Cúria episcopal de Rovigo, o Processo Diocesano Informativo entre os dias 02 de fevereiro de 1965 e 15 de setembro de 1971; em seguida, em Roma, o Processo Apostólico e, em 24 de maio de 1974, é publicado o Decreto sobre os escritos da Serva de Deus. No dia 22 de maio de 1987, é emanado pela Congregação das Causas dos Santos o Decreto sobre a validade dos Processos. Feita a redação da Positio, em 29 de janeiro de 2010, o Congresso peculiar dos Consultores Teólogos, com êxito favorável discute, segundo o costume, se a Serva de Deus exerceu em grau heroico as virtudes cristãs. Os Padres Cardeais e os Bispos, na sessão ordinária de 16 de novembro de 2010, ouvido o relatório do Ex.mo Marcello Semeraro, Bispo de Albano, Ponente(Relator) da Causa, reconhecem que a Serva de Deus exerceu em grau heroico as virtudes teologais e cardeais e as anexas, e observou os conselhos evangélicos.

Feito um cuidadoso relatório de todos estes aspectos ao Sumo Pontífice Bento XVI, pelo Subscrito Cardeal Prefeito, sua Santidade, acolhendo e retificando os votos da Congregação pela Causa dos Santos, hoje declarou: Consta que a Serva de Deus Maria Elisa Andreoli (Isabella Amália), fundadora da Congregação das Servas de Maria Reparadoras, ao fim de que se trata, tenha exercido em grau heroico as virtudes teologais fé, esperança e caridade para com Deus e com o próximo, e as virtudes cardeais: prudência, justiça, sobriedade e fortaleza e aquelas anexas.

O Sumo Pontífice determinou que este decreto fosse publicado ereferido nas atas da Congregação pela Causa dos Santos.

Dado em Roma, em 10 de dezembro de 2010.

 

ÂNGELO Card. AMATO, S.D.B.

Prefeito

 

+ MICHELE DI RUBERTO

Arcebispo titular de Biccari

Secretário

 

``Em tudo Amar, Servir e Reparar``

Madre Elisa Andreoli

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